Imagine que você está estudando uma disciplina qualquer, por exemplo gramática. Após ler a teoria e perceber que não compreendeu todo o conteúdo, você relê a matéria com atenção redobrada; após encarar os testes e perceber que errou algumas respostas, você corrige tais exercícios com rigor diferente. Dá um trabalhinho, mas essa é uma técnica que bastantes estudantes adotam; poderia, inclusive, extrapolar o universo estudantil e pairar sobre o mundo trabalhista. Evitaria aborrecimentos.
Infelizmente, a solidez vive longe das atividades profissionais. Passou da hora de os cidadãos perceberem que um erro pode ser devidamente superado se um pedido de desculpas rolar e uma empreitada rumo ao acerto for instaurada. O problema é que mesmo quem conhece essa lógica não age assim. Meu condomínio ilustra bem esses ambientes de oba-oba. Recentemente, um dos funcionários transgrediu uma norma interna, o que me gerou certo transtorno. Quando reclamei, o síndico quis engrossar o tom e argumentar que EU estava errado, isso porque fui incisivo em minhas queixas. Eis uma tática famosa de quem tentar driblar as próprias faltas, só que tapetão pra cima das minhas reclamações não rola.
Ou não rolava. O contexto de fuga das responsabilidade é tão comum que a vontade de exigir passos corretos vai sumindo. Constantemente, ouço pessoas que passaram a ser mais pacientes ao decorrer dos anos, e o incrível é que nem todas atingem esse estágio devido a "amadurecimento". Muitas simplesmente percebem que desejar que certos profissionais sejam justos parece desejar que esses profissionais viajem a uma guerra, ou seja, eles farão de tudo para evitar. Obviamente, não estou defendendo que trabalhador seja escravo, subserviente. A percepção correta é: quando piso num tablado, vou dar a melhor aula que eu conseguir, pois isso é o melhor para o coletivo. O médico deveria ser assim, o porteiro, o cobrador, o advogado, o síndico...
Friso que não quero dar lição de moral. Já errei no meu dia a dia e guardei um nó gigante quando não consegui me desculpar ou corrigir a falha. Concordemos, porém, que não é necessário sorrisinho cordial (falso) para cumprir-se uma norma que ajudará todo mundo que estiver envolvido. O mesmo sorrisinho não vai rolar após algum incompetente atrapalhar nosso dia a dia. Você logicamente se irrita quando não entende a matéria ou erra o exercício, lá na gramática, mas evolui quando corrige os tropeços estudantis e prova qualificação. É tão difícil ser assim no mercado de trabalho também?
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