quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Isto sim que é disputa!

Peço desculpas às demais torcidas: Internacional e Grêmio têm a maior rivalidade regional do futebol tupiniquim. Nos pampas, time é parte do corpo. Pai e filho com chimarrão, picanha; cinco sentidos focados nas jogadas.

Desculpas, agora, aos gremistas: a história dos grenais prova a superioridade colorada. Dos 369 encontros, o Inter possui 137 vitórias. São exatos 19 (dezenove) triunfos a mais que o rival tricolor. Os gols atingiram o número 1015 - com 524 do Internacional e 491 do Grêmio.

Algumas curiosidades envolvem os grenais. Dos 10 mais importantes, 07 terminaram com vitória colorada. Primeiro confronto: Grêmio 10 X 0 Internacional. Todavia, os demais jogos revertem o tropeço alvi-rubro. Em 1954, na Inauguração do Olímpico, o Inter presenteou o Grêmio com uma vitória de 6 X 2. O grenal do século, em 1988, terminou Saci 2 X 1 Mosqueteiro (de virada; Inter com um a menos). O clássico do gol mil encerrou grandiosamente; o primeiro clássico internacional, em 2004, também (perdoem o trocadilho!).

A maior goleada em campeonatos brasileiros foi do Inter (5 X 2, 1997). Com relação ao público, o recorde sempre se situou no Beiro Rio. Em 1989, eram 78 mil pessoas no jogo Internacional 2 X 1 Grêmio (bilheteria recorde). O Inter conquistou todos os títulos que o Grêmio já conseguiu. Muitos deles, com brilho demasiado superior: campeão do Campeonato Brasileiro invicto, em 1979; octocampeão gaúcho, de 1969 a 1976.

Enfim, dados. A superioridade colorada não atrapalha o confronto. Como escrevi, grenal é o maior clássico do Brasil. Inter e Grêmio somam 18 títulos em torneios nacionalmente eminentes. Mas como poetizou Nélson Silva, no "Celeiro de Ases", vibra o Brasil inteiro com o clube do povo do Rio Grande do Sul. No coração, um só: dá-lhe Inter!

Obs.: "Celeiro de ases": http://www.internacional.com.br/mp3/hino_celeirodeases_original.wav!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Que complicado!

O que eu sinto a respeito dos homens é estranho. Nenhum de Nós, faixa "Extraño". Refleti acerca desse trecho.

Leitores não criam seguidores; restringem-se a linhas para outros chatos. Filósofos falidos se igualam aos líderes políticos: falam, falam, falam... E gerúndio. Pensadores pregam a educação popular mas escrevem em linguagem demasiado expropriada! Estudiosos esquisitos visam à exposição gratuita de conhecimentos.

Misantropos enquanto ganham dinheiro. Jovens compram pick-up para não carregar mais que um. Fumantes desprovidos de cigarros coletivos. Filhos se garantem com as terras dos pais. A divisão de cargos via influência. A literatura chorosa às margens de um rio. O boleiro fanático reclama do preço do livro.

Idosos de 20 anos não cedem lugar a recém-mães. Homens são fiéis à mesa da sogra. Pais compensam com computador, video-game e McDonald. Namorados-de-sexo zombam de bodas de ouro. Alienados preferem sinestesia ao real perfume de mulher. Assassinos revezam no plantão.

Darwin significa evolução a quê? Nelsinhos estupram pela prazer da imposição. Padres vencem a prova de aliciamento. Promíscuas simbolizam a sensualidade universal. Professores oferecem a outra face a alunos. Pessoas desconhecem o poder da crença.

O que eu penso a respeito de tudo é tão estranho. O distúrbio soa comum, mas perder a fé não se torna estranho.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Quem será o sambista?

Uma amiga anunciou mudança. Para surpresa, Curitiba como destino. Antes do embarque, as típicas perguntas. Acerca do clima, comentei que a tendência ao frio é desafiadora. Sobre a praia, citei os 934m acima da linha do mar. Do questionamento sobre o desfile de carnaval, ri.

Uma carioca não encontrará Escolas de Samba decentes fora da Cidade Maravilhosa. Se nem a Vai-Vai (das mais antigas do Brasil) consegue elevar o status de São Paulo, imagine se a Mocidade Azul curitibana... Três agremiações, dois carros alegóricos, rainhas de bateria propensas a pelancas: eis o desfile da terra do pinhão. Seriedade em bizarrices?

Não que o desfile do Rio continue puro. Escolas de Samba, lá, também mudaram. No primórdio, quando Mangueira - a mais ilustre - e Portela - recordista de títulos - tiveram a rápida concorrência da Deixa Falar - primeira Escola de samba -, as disputas costumavam ser sadias. Competição musical. Havia o pudor da festa européia com a ginga verde-amarela. Os idealizadores se respeitavam exemplarmente. Ismael Silva (Deixa Falar) e Cartola (Mangueira) eram malandros, bandidos não.

Da exaltação dos costumes tupiniquins caímos no produto de mercado. O Governo Federal liberou, este ano, R$ 12 milhões para cada Escola do Rio. Procurou-se "aumentar os investimentos no setor de turismo". Que balela! Desconfio desses "investimentos" assim como desconfiei dos grampos telefônicos na sede da Beija-Flor. Definitivamente, o lado cultural-carnavalesco se perdeu. A marchinha existencialista cedeu lugar à bunda. A empolgação da platéia quedou-se perante o poder da mídia. Sem extensões à promiscuidade.

Devo repensar meu conceito de desfile. Todas as Escolas de Samba estão corrompidas - por incapacidade ou conduta anti-ética. Braguinha, Saturnino Gonçalves, Paulo da Portela: ilustres falecidos. Os substitutos aparecem em proporção desigual, gradativamente modificados. Quando não houver mais gente boa, tenho medo das alegorias que surgirão nos sambódramos. O Carnaval, em Curitiba ou no Rio, termina na mesma impressão: vergonha.