domingo, 22 de julho de 2012

Rumo à normalidade

2012 representa mais um ano eleitoral em terras brasileiras. E antes das urnas, como sempre, haverá aquele tipo de chateação com que o cidadão já está habituado: santinhos deixando as ruas imundas; churrascos às escondidas (uma linguiça tem poder incrível); assistencialismo barato. Por conta disso, pessimismo é a única sensação possível em relação à politicagem nacional.

O que assaz incomoda é justamente o fato de toda essa má conduta por votos ter se tornado socialmente aceitável. Devido à recorrência das asquerosas manobras para conquistar mandatos, os candidatos sabem que não precisam apresentar boas propostas de campanha, pois o marketing rasteiro - aliado a algum benefício "por baixo dos panos" - faz milagres maiores do que uma posterior concretização de, por exemplo, metas educacionais. Afinal, por que educar quem precisa manter(-se) desinformado?

Nesse sentido, é imprescindível, embora também (historicamente) redundante, apontar a gigante culpa dos eleitores no esdrúxulo cenário político brasileiro. Qualquer popular minimamente pensante consegue perceber que um senador envolvido com bicheiro é resultado de um voto comprado ou, no mínimo, impensado. E pensar em política soa praticamente insano para uma nação onde muitos habitantes consideram nomes como Tiririca sinônimos de "votar com rebeldia" (acreditem, é verdade). 

Lembro-me de que, numa aula do Ensino Médio, certa professora de física comentou que era ilusória a noção de um sistema o qual pudesse continuar indefinidamente em movimento por meio de energia por ele mesmo gerada. Hoje, todavia, arrisco-me a discordar um pouco de minha docente. A politicagem corrupta no Brasil é um moto-perpétuo descarado: eleitores alienados geram políticos corruptos, que geram eleitores alienados, que geram políticos corruptos...