quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Exercício contra-dissertativo

Em cima do muro. Quando li sobre a restrição à meia-entrada, reclamei. Ao reler, considerei quaisquer visões. Tendência no Brasil: dane-se o culto! No entanto, não custa quase-dissertar.

A Folha On-line noticiou que artistas acompanharam a votação no Senado. Nos olhos deles, um cifrão igualzinho ao de cinemas, teatros e estádios. Insana soa a idéia de que a meia-entrada continue de segunda a quinta (sob 40% do total de passes).

Contudo, o outro lado. Meu vizinho, 72, possui carteirinha de estudante. Pegando leve, incoerente - a idade já proporcionaria descontinho. Provei: má intenção; aproveitador; pilantragem. A meia-entrada se banalizou e o preço da cultura subiu. Com as restrições previstas no projeto da cota, nada impede a redução de 40% no valor do ingresso "normal".

A regeneração e a fiscalização da carteirinha da UNE seriam boas medidas. Todavia, retorno à neutralidade. Aprendi, com meus cds dos Engenheiros do Hawaii, que deixar mensagens em aberto se trata duma manobra-estímulo. Mas, apesar da (não)posição que assumi, não consigo deixar de instigar: pensemos primeiramente no lado cultural!

sábado, 22 de novembro de 2008

Normalidade

Existem códigos que regem a mesmice social. Um: todo romance me recorda que a média (anual) nacional de leitura é de 1,3 livro "per capita". E evitem-se os xingamentos aos brasileiros que não gostam de ler: todos iguais, todos iguais...

Nas conversas, amalgamam-se fofocas, xingamentos e intrigas. Quem assiste a aulas não se preocupa com o conhecimento: R$ 600,00 mensais, casa alugada e um Fusca 67 representam um ótimo futuro! No emprego, também não se demonstra o mínimo interesse por destacar-se, por bem cumprir as expectativas.

Traição e vingança crescem concretamente. Passarinhos verdes me alertam para a possibilidade de o amor não mais ter significado. Casais? Apenas na novela – e nela, toda a esperança. A paixão platônica transcendeu para robertomarinhônica. Pobres livros fechados...

Nos espaços públicos, notam-se esmolas que reciclam a vagabundagem. Graça e manutenção do preconceito. Jogam-se nas costas divinas as falhas múltiplas e a esperança de emprego; acorda-se meio-dia, sem a mínima intenção de suar. Rotina, rotina, rotina essa luta.

A mesmice humana - um moto-perpétuo social. O cidadão imita o vizinho até tornar-se alvo. Insaciável prazer de interpretar papéis que sequer permitem crítica: todos iguais, todos iguais... Uns mais iguais que os outros?