sexta-feira, 14 de março de 2008

Possibilidade

NO Evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago humaniza Jesus. Dores e líbido cercam o Messias. Obviamente, os cristãos criticaram a obra. Este post também será alvo de censuras.

O politeísmo não acabou. Houve reformulações. A crença católica confirma: santos no lugar dos deuses gregos. E assim como estes, aqueles possuem funções específicas. Um para casamento; outro para chuva; cada país com o seu. Atena interveio no destino de Odisseu; os homens atuais (solitários, em alguns momentos, igual ao Ulisses) crêem nos santos para conseguir amor ou colheita.

A Santíssima Trindade é outro sinal de não-monoteísmo. Entidades diferentes? Circunlóquio, três: crenças diversas. Deus, Espírito Santo e Jesus comportam "etapas" diferentes; Posseidon, Hades e Zeus formavam divisão "sintática". Semelhanças entre pagãos e cristãos, de novo: duas trindades divinas?

Deus, assim como de Zeus se sabe, é inquestionável. Conseguiram essa classificação sob imposições. Zeus se sobressaía perante seus próprios comandados; Deus, à cobiça do demônio. Há cultos, músicas e festas para os dois. O vinho após as batalhas gregas; o sangue no primeiro domingo do mês. As odes após as batalhas gregas; os testemunhos cristãos subseqüentes a uma benção. Tudo em público, claro.

O post não visou à verdade. Todavia, não custa repensar certas estruturas. Cada ser humano deve ter suas crenças. Acreditar é importante - seja no metafísico, na liberdade, no não... O que não pode é pôr fé na ignorância. Não, não.

6 comentários:

Alexsandro Teixeira Ribeiro disse...

Boa. Fiquei com vontade de ler o empoeirado Saramago de minha prateleira. Quanto aos santos, digo apenas que estes são nomeados tais por humanos, os mitos e deuses gregos também. É a necessidade encontrarmos subterfúgios à nossa responsabilidade, depositarmos o peso de nosso suplício em alguém, para, caso não sejamos atendidos, podermos de um nome cobrar. Deus e seu panteão se adaptam as necessidades de seu criador, o homem.

Anônimo disse...

Discordo um pouco do final do seu texto...

"Cada ser humano deve ter suas crenças. Acreditar é importante -"

eu tive uma rara criação que desde de pequena nunca me colocaram dentro de uma igreja, 'centros', ou algo do tipo.Me falaram sobre os ensinamentos de Jesus... e da grandeza sem provas de Deus.Desde os meus treze anos em partes formei uma opnião [pq uma opnião esta em constante evolução, na minha opnião ;)] e nunca senti falta de acreditar em algo superior...sempre visualizei minha consciência, e deixar de acreditar, nao me deu nenhuma "loucura" ou vazio.Pra mim não é importante.Viver com respeito e sinceridade ao proximo, é mais importate do que a maioria que apenas pelo social lê um trecho da biblia [apenas em publico]com uma linguagem que nao entende [e nao vai procurar entender] pra mostrar que aparentemente sabe, e que é religioso, pois religião da certo 'status' na sociedade.

Religião e Deus ao meu ver, é mais um 'controle', caso contrario a raça humana estaria em extinção, pois em nome de Deus,ao mesmo tempo que matar torna-se um pecado, eles tb matam em nome Dele.

Mas acima de tudo respeito sua opnião, e sobre os deuses gregos, realmente só fizeram uma substituição.

Eve - 2º ano E.M. - anchieta.

Mozer Anjos disse...

Legal, Evelyn, você aparecer e debater! Contudo, só um comentário meu, a mais: reflita sobre seu conceito de "acreditar". Note que houve ligação direta, da sua parte, desse verbo ("acreditar") a alguma teologia. Na verdade, essa associação é muito subjetiva. No meu caso, por exemplo, a minha crença pessoal não é cristã ou algum-âmbito-qualquer-religioso. Mas, enfim, foi uma reflexão!

Valeu, moça!

leandrão cardoso disse...

naum entendi o pôr fé na ignorância ....

Anônimo disse...

O Cristianismo é uma plágio de filosofias de várias religiões.
Do Judaismo aproveitou-se o monoteísmo e o antigo testamento. Do Zoroastrismo o que interessou foi a oposição de Ahura Mazda e Arimã. Este representando o mal (o Diabo) e aquele representando o bem (o Deus), ambos escritos com "d" de dualismo.
Do politeísmo grego surgiu o politeímo romano, que de novidade aparecia apenas os nomes latinizados. No ano de 391 d.C., o imperador romano Teodósio, pelo Edito de Tessalônica, tornou o cristianismo a religião oficial de Roma. Para não haver revoltas religiosas os Deuses foram supridos pelos santos e pela Santíssima Trindade. Surgindo dessa mistura a Igreja Católica Apostólica Romana e do catolicismo as demais religiões protestantes.

Apreciei a citação de Ulissses e Odisseu, que são o mesmo personagem do poema épico Odisséia, escrito pelo poeta cego Homero.

Professor, parabéns pelas suas digníssimas críticas.

Unknown disse...

Salve Mozer.

Achei interessante você citar esse "aproveitamento" grego do cristianismo. Há uma passagem bíblica sobre isso:

10 [Paulo]Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou.
11 E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós.
12 E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava.
13 E o sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros e grinaldas, queria com a multidão sacrificar-lhes.
14 Ouvindo, porém, isto os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão, clamando,
15 E dizendo: SENHORes, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles;
16 O qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos.
17 E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações.
18 E, dizendo isto, com dificuldade impediram que as multidões lhes sacrificassem.
19 Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.

(Atos dos Apóstolos, cap. 14)

Abs