Quando pequeno, adorava calor. O suor na testa, o rosto queimado. Sensação térmica elevada: brincar. A tarde toda.
Futebol no pelando asfalto. A tampa do dedão sempre no "campo". Canela com canela? Discussão. Às altas horas, dores apareciam. Para curar, faixa na coxa ou cintadas da mãe.
Permissão para encher a piscina. Chato: não se misturavam menino e menina. Percebia-se pudor nas relações sociais (na época, eu não curtia "esse tal 'pudor'"). Cabeça lá no fundo - quem aguentaria mais tempo? Velho sabão-em-pó. Outras dores às altas horas.
Festas de fins de semana. Frio e chuva atrapalhavam (perigo de gripe). Se calor, cada sábado na casa dum amigo. Ninguém podia tomar vinho, cerveja. Mas em esconderijo tudo é possível. Incrivelmente, todos voltavam íntegros para casa. Caso contrário, as dores surgiriam às altas horas.
Namoros escondidos. De novo, pudor social: longe do pai da menina. O meu, do tipo "Vai lá, filhão!". Namorico de piá de quinze anos: garanhão: o melhor drible; mais tempo no fundo d'água; quem bebia mais. Processos de conquista...
O calor intenso continua, mas não mais o acho divertido. Não preciso de namoradinhas. Estou sem tempo para futebol na rua. A piscina secou. E falta liberdade para correr sem responsabilidade, cantando. Por aí.