terça-feira, 20 de julho de 2010

Um péssimo hábito

Pessoas não seguem regras. Propositadamente, confundem "ser rebelde" com toscos momentos de não cumprir orientações. Desobedecer se tornou norma.

No trânsito, a melhor argumentação. Desrespeito às vagas destinadas a idosos, deficientes. Alega-se: paradinha rápida; muita disponibilidade para poucos velhinhos. Ousado, o mal-educado xinga o repórter questionador. Você tem a ver com minha vida?

(Friso: nada de rebeldia. Na real, educação precária. Desconfio de que esssa insensatez se tornou cultural ao brasileiro. Afinal, uma escapulida não faz mal a ninguém.)

Há o cigarro. Caso não fumem meu cabelo, tudo bem. Existe lei, contudo, que proíbe o fumo em "ambientes fechados de uso coletivo".  Por que tentar no banheiro ou dependurado na janela? Vá para a calçada, longe da marquise!

Discutam-se as determinações sem que se gere baderna. Nelson Rodrigues escreveu que brasileiro sofre de "complexo de vira-lata". Essa caracterização se adequa à falsa impressão de independência que descumprir uma regra traz.

Demora-se a perceber que estacionar ou fumar em locais proibidos é tolice. Na verdade, às vezes, nunca se percebe. Infelizmente.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Finalmente, a Copa acabou

Sou apaixonado por futebol. Adoro Copa do Mundo e a história de cada edição. Associar o campeonato mundial da FIFA à história ou à política é uma das minhas distrações prediletas. Na biblioteca particular, há bastantes volumes acerca do torneio quadrienal.

Que explica o título? Quantidades de chatice que se leem na imprensa. Obviamente, não me importo quando o Seu Joaquim, da mercearia, palpita sobre escalação. Julgo abjeto aguentar Milton Neves e companhia enchendo o saco com repetições infundadas. Sob derrotas, cansativos "argumentos": não ficaram bases para a próxima Copa; o treinador é um burro; o novo técnico deve ser Luxemburgo...

Outra maçada: pseudocríticos de frases como "o brasileiro esquece os problemas" ou "a Copa no Brasil será para desvio de verbas". Espalham uma ilusória ideia de que Copa do Mundo significa alienação. Como se político não roubasse fora de evento esportivo. Como se ninguém percebesse o assalto ali na esquina.

Gosto bastante de bandeirinhas em janelas. Trata-se de torcida, não de (um historicamente impossível) patriotismo. A vuvuzela não é necessária, concordo; bandeirinhas, todavia, são bem-vindas! Elas refletem, às vezes, um sorrisinho criativo entre a Ordem e o Progresso.

Copa de 82 - uma das melhores histórias do meu pai. Naranjito, aqui em casa, na memória: o velho queimou os mascotes após a derrota da seleção do Telê. Ao meu futuro filho, contarei a primeira Copa da África; um Brasil campeão no Maracanã; colunistas famosos que ditam besteiras.

Finalmente, sim, a Copa acabou. Que "jornalistas" esportivos nos deixem em paz. Que torcedor, então, conte suas histórias sobre futebol. Assim, haverá apenas reclamações sobre arbitragem e laranjas.