domingo, 26 de setembro de 2010

Comparação e adversidade

Improvisos provêm de árduo estudo. No jazz, músicos treinam bastantes escalas antes de, "no susto", criarem (maravilhosas) melodias. Assim, na comédia: improvisada na técnica tradicional, a piada se torna arte.

Rir mexe com sabe lá quantos músculos. Talvez, deixe mais bonita a pessoa. Quando dói a barriga: gargalhadas conseguiram recuperar o dia perdido. Momentos em que o sono não poderia ter aparecido: sorrisão de repente desperta até encarnações anteriores. Trata-se da magia do bom humor.

Sofri críticas por ser pedagogicamente lúdico. A beleza de um aprendizado sorridente, não obstante, supera os comentários insustentáveis. Sem argumentação, as broncas: na literatura, inúmeros casos de bons escritores dedicados ao humor. Por que, então, mudar a didática para um sistema carrancudo?

Não vejo graça em perder o cômico acaso - e abro um Verissimo. Piadinha inteligente sempre vai bem. E chato, sim, quem não admira humor "sagaz". Irrita interpretação negativa a brincadeiras com alguém público. Como se humorista precisasse de  autorização, de licença.

Jazz e humor são, realmente, qualidades inquestionáveis. Naquele, com escalas perfeitas; neste, com assuntos de uma época. A população deveria atentar mais a ambos. Mas sentar em praças para uma zorra soa mais legendário. Fora - a inteligência de muita gente - jogada pela janela?


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Além dos olhos

"Quase morri" pode melhorar. Enobrecimento da vida é caminho mais sábio. Há susto a quase todo momento; fuja-se do abstido comum.

Ouço "Dia especial" (Cidadão Quem). Esse lance do outro está certíssimo. Encaixa-se para momento crítico: em vez de "quase morri", que tal "estou vivo!"? Parece ingênuo, mas muda o entorno.

Trata-se de costume. Estranha a felicidade no pós-quase-tragédia? Tão-somente negativismo cotidiano. Compreendo, há pessoas que não sorriem; não entendo, todavia, essa forma de vida delas. Posso não ser o bem-humorado, mas piada é sagrado.

Outra música legal é "Terra de gigantes" (Engenheiros do Hawaii). Não conseguir tudo após o crescimento gera conclusão: juventude, não se venda. Totalidade, não; o suficiente, sim. Ah, esse suficiente depende dos desejos de cada um - não os condeno.

De música em música, mensagens seguras se (des)camuflam. Poderia ser num livro ou numa pintura: não sei. Mãos altruístas, cada vez mais adultas... Quando algo está errado, precisamos de um sorriso (pode ser um riso). Há, porém, quem recuse: sei não.