Quando estamos dançando em um salão, a alegria dos passos dura bons e prolongados instantes. Trata-se de minutos de riso fácil, nos quais a angústia não dá as caras. Todavia, basta aparecer a primeira cadeira vazia para que, após diversas músicas (e respectivas coreografias), uma sugestão rapidamente ganhe força: "Não seria a hora de parar?!" A gente, então, sossega.
A dança metaforiza o cotidiano. Passo a passo, busca-se sempre o prazer mais escondido, o reconhecimento penosamente encantador. Respostas positivas provêm em escala grandiosa às vezes, mas as doses homeopáticas com que se tentar infiltrar uma decepção parecem surtir mais efeito. Nessas ocasiões, esconder-se em pensamentos vários pode até ser mais vantajoso, todavia pulsará sempre a sensação de malogro (apenas talvez inevitável). Experimente-se, por exemplo, tropeçar no meio do compasso...
A nossa prisão encerrada em liberdade causa confusão aos olhos próprios e também aos alheios. Engana-se, porém, quem acredita em que cortar as asinhas dos desejos eliminaria as incertezas. Ninguém é capaz de atingir plenamente o processo contínuo de superação, tampouco de abandonar as veredas da transcendência de valores. No fundo, ser livre é ao mesmo tempo pecado e salvação, assim como as chances de queda em uma coreografia mais complexa: da glória ao inferno.
E assim se segue a tentativa de abandonar as cavernas quotidianas. Tal atitude de descoberta de uma nova amplitude, por sua vez, pode gerar conflitos entre (ex-)iguais, pois parece complexo conviver à escuridão de quem já recebera esclarecimento mas, por teimosia ou ingenuidade, prefere imobilizar-se pessoal e socialmente. É como bailar junto a alguém que deseje a fluência plena não obstante esteja com a perna quebrada: no mesmo salão, haverá giros em harmonia mais plausível e inflamável.
Só que, após minutos na cadeira, pode "aparecer" uma nova valsa estimulante - junto a uma nova melodia. Aí, recomeça-se a dançar em campo minado (ou não).
E assim se segue a tentativa de abandonar as cavernas quotidianas. Tal atitude de descoberta de uma nova amplitude, por sua vez, pode gerar conflitos entre (ex-)iguais, pois parece complexo conviver à escuridão de quem já recebera esclarecimento mas, por teimosia ou ingenuidade, prefere imobilizar-se pessoal e socialmente. É como bailar junto a alguém que deseje a fluência plena não obstante esteja com a perna quebrada: no mesmo salão, haverá giros em harmonia mais plausível e inflamável.
Só que, após minutos na cadeira, pode "aparecer" uma nova valsa estimulante - junto a uma nova melodia. Aí, recomeça-se a dançar em campo minado (ou não).